Um desabafo sobre a convivência com bolsonaristas
Todo mundo tem um ou vários bolsonaristas na família, na vizinhança e entre seus amigos ou conhecidos, eu não fujo da regra. Durante a quarentena conversamos, pessoalmente, com poucas pessoas (no máximo uma dúzia) e, no meu caso, não é diferente. Infelizmente, uma parte razoável das pessoas que converso é bolsonarista ou, pelo menos, foi influenciada por ele.
Procuro não tocar em política com essas pessoas, mas, infelizmente, sempre há algum tema em que a ideologia fascista, chamada por eles de conservadora, aparece e brota, em função da intimidade, em seu estado bruto; algo feio e repugnante.
Minha questão aqui não é fazer uma análise para encontrar as razões desse desastre social — já fiz isso em muitos textos que escrevi e estão em meu perfil, aqui. Também não pretendo oferecer alternativas, como fiz em outros textos, para combater esse tipo de discurso e comportamento. Esse texto, portanto, é apenas uma constatação de como as relações humanas ficaram mais feias no Brasil a partir do momento da ascensão da extrema-direita.
Os petistas e até a própria esquerda não petista, que nada tinha a ver com o assunto, sentia vergonha ao falar das acusações de corrupção que recaíam sobre o partido. A simples acusação já envergonhava.
Hoje, os bolsonaristas não sentem vergonha em relação à corrupção e a assuntos muito mais graves, como ditadura, tortura, genocídio etc. Não há mais vergonha, qualquer bússola moral e legal está morta. Só interessa, para aqueles que defendem a extrema-direita, afirmar seu próprio dogma, não importando o quão perverso ele é. E o primeiro desses dogma é, como todos podem constatar, o ódio ao próximo, através de uma ignorância arrogante que fecha os olhos para todo e qualquer argumento.
Não sei se vocês sentem a mesma coisa, mas é insuportável dialogar com quem não é capaz de escutar e raciocinar. Digo isso porque já convivi no meio de capitalistas liberais e conseguia manter o diálogo. Entretanto, com a extrema-direita é impossível qualquer diálogo, uma vez que essa palavra não está presente em seu parco vocabulário.
Alexandre L Silva