Revirando meus antigos textos contra o governo Bolsonaro
Fazendo uma análise de alguns artigos que escrevi no Medium sobre o atual governo, vejo que informei, até com muita antecedência, aquilo que a mídia tradicional e, até mesmo, a alternativa, ora divulga.
Em 27 de junho de 2019, utilizando um texto de Umberto Eco, demonstro como o governo atual pode ser enquadrado como fascista, uma vez que preenche todas as catorze características apontadas por Eco para a caracterização do fascismo. O mais impressionante nisso tudo é que o próprio Umberto Eco afirma que seria suficiente ter apenas algumas dessas características para classificar um governo como fascista (1).
Em ‘Camisas amarelas: milícias, manifestações e a extrema-direita no Brasil’, um texto de 2 de julho do mesmo ano, falo do apoio das milícias do Rio de Janeiro ao governo, assim como a aproximação dessas milícias ao tráfico de drogas. Também faço um histórico da formação de milícias políticas e ideológicas ao longo da história, dando destaque para aquelas que são identificadas pelas camisas. Na conclusão desse texto, aponto para um possível plano para a formação de milícias, no sentido de forças paramilitares, com o intuito de defender o governo e promover o totalitarismo (2).
No dia seguinte à publicação do texto acima, escrevo outro texto, sobre a diminuição do apoio do governo Bolsonaro. Nesse texto, alerto que, apesar da diminuição, o governo tem um núcleo rígido sólido e grande, difícil de ser corroído. Ainda digo que não é possível chamar o Brasil de uma democracia (3)
Em 23 de julho de 2019, escrevo o texto ‘O grande golpe’, que fez mais sucesso fora do Medium, em especial através de uma versão para o Inglês. Nele, apresento alguns detalhes do golpe sofrido por Dilma Rousseff, a colocação de Temer no poder e a eleição tramada de Bolsonaro, dando destaque ao papel dos Estados Unidos em todo esse enredo que, por sinal, teve uma reviravolta com a chegada de Trump à presidência (4).
No final de julho de 2019, dois textos surgem: ‘A tática do Caos: a estratégia da extrema-direita brasileira’ (5) e ‘Metropolis and colony: Steve Bannon’s interference in the 2018 brazilian election’ (6). No primeiro, falo sobre a tática do caos e da confusão promovida por Bolsonaro, destacando que “há um método nessa loucura”. No segundo, falo de um dos pais dessa tática, assim como de outras utilizadas por políticos e governos de extrema-direita em todo o mundo, incluindo o Brasil: Steve Bannon. Em ambos os textos, demonstro o modus operandi de Bolsonaro e seu grupo.
No segundo dia de agosto de 2019, peço a criação de um novo Tribunal Russell, um tribunal moral e internacional, com a participação de um grupo de notáveis mundiais, para julgar Bolsonaro por uma série de crimes contra a humanidade (7). Chamo a atenção que no primeiro de maio de 2020, Reinaldo Azevedo, em sua coluna na Folha, dá a mesma sugestão, praticamente nove meses depois (8).
Abordei uma série de outros temas ligados a esse governo, sempre procurando ser uma espécie de vanguarda da informação e da compreensão desse governo de extrema-direita. Abordei temas como a Amazônia, o aumento da violência contra a mulher, o ‘desempoderamento’ das minorias, o aumento do racismo e da LGBTfobia, o papel dos neopentecostais e de religiosos de extrema-direita para eleição de Bolsonaro, o risco sofrido pela liberdade de imprensa, o problema das relações internacionais, o assassinato da democracia e muitos outros, todos em 2019. Em 11 de março de 2020 (9), alertei para o perigo do novo coronavírus, sobretudo para a população mais pobre e para o problema econômico que resulta da pandemia. Disse claramente que o governo precisava tomar uma atitude e afirmei que “as providências do Governo Federal são mínimas, esperando que a doença se resolva externamente (fora do próprio governo), não demonstrando nenhuma preocupação com sua população.” Também avisei que o governo esperava culpar alguém pelos seus erros.
Esse foi um balanço rápido, escrevi muito mais coisas sobre o assunto, com o objetivo de desnudar toda vergonha presente em nosso país. Apesar disso, reconheço que fui lido por poucos (cheguei, no máximo, a ter uma média de quase dois mil visitantes por mês em minha conta). Todavia, devo notar que sempre tive leitores de qualidade e capazes de entender tudo aquilo que sempre desejei passar e, por isso, agradeço a todos vocês, na esperança de voltarmos a respirar os ares democráticos.
Alexandre L Silva
NOTAS
(4) https://medium.com/@alexandresilva_94761/o-grande-golpe-8684c55e8116
(7) https://medium.com/@alexandresilva_94761/um-novo-tribunal-russell-13993d2a993