Por que a esquerda encolheu nas eleições municipais de 2020

Alexandre L Silva
2 min readNov 19, 2020
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Em uma análise rápida das eleições municipais de 2020, pode-se perceber que a esquerda, enquanto bloco, diminuiu o número de prefeitos e vereadores em relação a 2016. Enquanto isso, a direita fisiológica avança, conquista a maioria dos votos e, assim, deixa para trás a esquerda, assim como a extrema direita do país (1). É verdade que PSDB e MDB também encolheram, nesse pleito que teve como destaques DEM, PP e PSD. O único partido de esquerda que merece destaque é o PSOL, mas que, pelo seu tamanho, não chega a influenciar muito a percepção do mau desempenho da esquerda. Mas, afinal, quais as razões desse mau desempenho?

A primeira razão desse mau desempenho é o resultado da eleição estadunidense de 2020. Joe Biden, o presidente eleito dos EUA, apresentou-se como um candidato sensato e de centro que, ao mesmo tempo, não aceitava a identidade, buscada por Donald Trump, entre ele e Bernie Sanders. Alguns poderão argumentar que nossos eleitores nem conhecem Sanders, mas a nossa mídia explorou bem o fato de Biden não ser de esquerda e nem se deixar colocar como tal. Somado a isso, há uma distorção na percepção do brasileiro sobre o que é de direita e o que é de centro, produto dos discursos da grande mídia e da política no Brasil.

Outra razão é que, mesmo também se queimando, a extrema direita rotulou toda esquerda como extremista, e essa pecha acabou ‘colando’. Dessa forma, em uma eleição que a maioria optou por não votar em extremista, a esquerda foi prejudicada, assim como a extrema direita, uma vez que a ideologia dessa extrema direita provocou uma nova distorção, fazendo com que os candidatos da esquerda fossem tomados como extremistas, coisa que a grande maioria não é.

Assim, o estrago foi feito e, agora, a esquerda precisa de um novo discurso para dar cabo ao discurso do ódio da extrema direita. Talvez esse novo discurso já tenha começado, através do frescor e da juventude de Boulos e Erundina, mas ainda é preciso mais. Novas estratégias, teóricos e políticos são necessários para que a esquerda dê a volta por cima e consiga afirmar sua força nas eleições de 2022. Gente que raciocine, tenha conhecimento teórico, prático e que, necessariamente, tenha conhecimento e contato com ‘gente do povo’, pois só assim a esquerda poderá se conectar com aqueles que realmente importam.

Alexandre L Silva.

NOTAS

(1) No tocante aos números, vide: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-54967867

https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2020/eleicao-em-numeros/noticia/2020/11/17/dem-pp-e-psd-aumentam-numero-de-vereadores-no-brasil-mdb-pt-psdb-pdt-e-psb-registram-reducao.ghtml

https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2020/eleicao-em-numeros/noticia/2020/11/16/psdb-e-mdb-perdem-o-maior-no-de-prefeituras-dem-e-pp-sao-os-que-mais-ganham.ghtml

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Alexandre L Silva

Ex-professor de diversas universidades públicas e particulares. Lecionou na UFF e na UERJ. Articulista de opartisano.org e escritor da New Order no Medium.