O fascismo de Augusto Nunes na agressão contra Glenn Greenwald

Alexandre L Silva
3 min readNov 7, 2019

Escreverei, hoje (07/11/2019), sobre algo que me revoltou. A agressão, física e verbal, sofrida por Glenn Greenwald e desferida por alguém que se declara jornalista, Augusto Nunes.

Qualquer pessoa séria e com um mínimo de ética não ataca, de nenhuma forma, crianças. Crianças são o que há de mais sagrado dentro da nossa sociedade e é dever de todos a sua proteção. Glenn não foi avisado da presença desse sujeito, um de seus maiores desafetos na rádio. Tudo pareceu feito como uma armadilha para Glenn, realizada por um veículo de extrema-direita. Glenn nada mais fez que questionar Nunes sobre uma declaração anterior que sugere que os filhos do jornalista do Intercept deveriam ser devolvidos para o abrigo, uma coisa sórdida de se dizer. Diante do deboche, Greenwald não teve outra alternativa senão retrucar, chamando Nunes de covarde. Depois disso, Nunes o agride fisicamente.

Todo esse caso, conforme afirmou Greenwald em suas redes sociais, demonstra o fascismo de seus opositores.

Como já demonstrei em outro texto (https://medium.com/@alexandresilva_94761/umberto-eco-o-fascismo-e-o-governo-do-brasil-de-2019-6b6b5e18630d), o governo Bolsonaro tem todas as características do fascismo listada por Umberto Eco. Como no nazismo, uma de suas vertentes, não há limites. Tudo pode ser desrespeitado em nome do poder e da destruição daqueles que considera como inimigos. Crianças não escapam desse ódio, conforme podemos constatar pela história dos campos de concentração. Glenn, ao enfrentar Nunes, estava enfrentando o neofascismo que encontramos, agora, no Brasil e, também, lutando por seu núcleo familiar e pelas pessoas que ama.

Em uma revista digital (https://revistaforum.com.br/politica/augusto-nunes-um-covarde-sem-carater-por-ruy-mesquita-filho/), encontrei um texto de Ruy Mesquita Filho, um dos herdeiros do grupo que comanda o jornal O Estado de São Paulo e, portanto, alguém que não pode ser considerado de esquerda, muito pelo contrário. Nesse texto, Mesquita Filho diz, literalmente, que Augusto Nunes não tem caráter, é amoral e manipulador de notícias. Para provar, disse que na campanha presidencial de Collor, de toda maneira, tentou contratar uma equipe paralela para o Jornal da Tarde, com o objetivo de fugir do controle da agência Estado e fazer “maracutaias”. Além disso, segundo o texto, deixou claro para diversas pessoas que queria afastar os filhos de Ruy Mesquita e suceder Julio Neto no comando do jornal.

Em defesa de Augusto Nunes, correu Carlos Bolsonaro. De uma maneira homofóbica, disse “presto solidariedade ao homem Augusto Nunes” (https://www.brasil247.com/midia/carlos-bolsonaro-defende-agressao-de-augusto-nunes-a-glenn-greenwald). Nao poderia ser experada outra coisa, um fascista defendendo outro para atacar crianças.

Há sempre um objetivo por trás dessas ações aparentemente, e apenas aparentemente, loucas. O primeiro objetivo é produzir uma cortina de fumaça para tudo que está acontecendo no momento: corte de salários, torra do pré-sal, esquartejamento da Petrobrás, reforma da previdência, achatamento da renda dos mais pobres, inflação apontando para uma depressão etc. O segundo objetivo é apitar para os cachorros. O dog whistle é uma forma codificada de falar para o núcleo duro do bolsonarismo e passar uma mensagem (veja o meu artigo https://medium.com/@alexandresilva_94761/a-ministra-damares-e-o-dog-whistle-32e3a984484c ). Essa mensagem é de que a violência passa a ser legitimada contra aqueles que pertencem à oposição. Com isso, o sistema vai se fechando e o frágil fio de democracia que ainda resta no país vai se findando.

Alexandre L Silva

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Alexandre L Silva

Ex-professor de diversas universidades públicas e particulares. Lecionou na UFF e na UERJ. Articulista de opartisano.org e escritor da New Order no Medium.