A preferência pelos ricos de Bolsonaro
Não é novidade para ninguém que o governo Bolsonaro é voltado para os mais ricos. A reforma da previdência, que aumentou o tempo de vida e de contribuição para a aposentadoria, é um dos grandes exemplos das políticas econômicas que prejudicam os mais pobres, uma vez que 24,3% da renda dos mais pobres vêm de aposentadorias (1). Esse governo se seu antecessor, fizeram crescer a desigualdade num país em que 2,7% das famílias ficam com 20% da média global de rendimentos (2).
Segundo a ONU, o Brasil é o segundo país mais desigual do mundo, só perdendo para o Catar que, por sinal, tem um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) maior que o nosso, o que complica ainda mais o problema. O 1% mais rico no Brasil concentra 28,3 do total de rendimentos (percebam que não estamos falando de famílias, como no parágrafo anterior). Soma-se a isso que o Brasil perdeu uma posição no relatório da ONU referente ao IDH (3).
Alguém poderia contestar e afirmar que os dados sobre desigualdade são referentes a 2018, ano que Bolsonaro não estava no poder. Entretanto, um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) realizado em 2019 “apontou que a desigualdade está crescendo no Brasil e registrou aumento persistente no segundo semestre de 2019, superando o pico histórico observado em 1989” (4). De acordo com esse estudo, a renda da metade mais pobre da população caiu em torno de 18% (isso mesmo, 18%!), enquanto os que pertencem ao 1% mais ricos tiveram um aumento de 10% de seu poder de compra.
Não bastasse os dados negativos para os mais pobres e altamente favoráveis aos mais ricos, quando se fala em renda, o governo Bolsonaro também obteve os mesmos resultados quando se fala em inflação. Segundo o Dimac/Ipea (Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas / Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão oficial do Governo Federal, as classes com maior inflação foram as mais baixas ( renda muito baixa: 3,40; renda baixa: 3,30; média-baixa: 3,31). As classes mais altas tiveram, portanto, uma inflação menor (média: 3,28; média alta: 3,20; alta: 3,26). A inflação deverá aumentar esse início de ano, sendo os produtos responsáveis por esse aumento aqueles que mais afetam as classes de níveis econômicos mais baixos.
Após todos esses dados, não é possível discordar da afirmação que Bolsonaro governa para os mais ricos.
Alexandre L Silva
Notas:
(2) Ibidem.
(3) https://brpolitico.com.br/noticias/brasil-e-o-2o-pais-mais-desigual-do-mundo/
(4) http://www.cee.fiocruz.br/?q=node/1032
(5) http://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/tag/inflacao-por-classe-social/