A Petrobras, o aumento do preço dos combustíveis e a troca de seu presidente por Bolsonaro
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Um aviso: estou escrevendo em ‘O Partisano’ (https://opartisano.org/), um canal de comunicação progressista em que muitos outros textos de interesse são encontrados, portanto, confiram!
Para o grupo de resistência ‘PolitizarSim’ (https://www.instagram.com/politizarsim/).
Bolsonaro resolveu, nesta quinta (19/02/2021), trocar o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna. No mesmo dia, visitando Pernambuco, Bolsonaro afirma que “jamais vamos interferir na Petrobras”, contraditoriamente anunciado que fará mudanças nesta estatal (2). Durante essa viajem, o presidente garantiu que zerará todos os impostos federais sobre o botijão de gás e que fará o mesmo, por dois meses, com o diesel. Mas, qual a razão disso? Será que todo esse imbróglio poderia ser evitado?
Os motivos para a interferência de Bolsonaro na Petrobras é bem óbvio, ele está perdendo apoio e popularidade com a escalada de preços dos combustíveis. Apoio, entre outros, dos caminhoneiros, que perdem muito com o aumento; popularidade, entre a população em geral, uma vez que o aumento do gás todos sentem na pele e, também, acaba por elevar os preços das mercadorias em geral. Entretanto, as ações do presidente de extrema direita acabam por enfraquecer o seu ministro da Economia, Paulo Guedes, e toda sua equipe econômica, assim como os neoliberais do chamado “mercado”, uma vez que a Petrobras tinha seus preços atrelados ao mercado externo e tinha seu gerenciamento livre, pelo menos em tese, de influência direta do Governo Federal.
A combinação do neoliberalismo com o extremismo ditatorial de extrema direita não pode dar certo. Em virtude da pandemia, o mundo passou a consumir menos combustível. Entretanto, apesar de o mundo passar por uma segunda fase da doença, pelo menos, aparentemente, até mais grave, a produção industrial foi retomada e o preço do petróleo disparou, passando por cima da vontade de Bolsonaro. Mas, o Brasil não é autossuficiente em petróleo? É, no tocante à produção. Todavia, não consegue refinar todo seu produto, em função da subutilização das refinarias e da falta delas (3), muito por causa da falta de investimento na área. Uma observação ainda deve ser feita: o Brasil, apesar de vender mais barris, ainda importa petróleo não derivado, ou seja, compramos podemos, até, estar comprando o mesmo petróleo que vendemos. Apesar disso, “a Petrobras espera concluir a venda de oito refinarias de petróleo e da infraestrutura logística associada a elas em 2021” (4). Essa é a proposta do próprio Bolsonaro, contrariando o Congresso e, mesmo, o STF.
A conclusão para tudo isso é muito evidente: Bolsonaro enfraquece a Petrobras, tirando sua competitividade e enfraquecendo sua estrutura, diminui os preços, mantendo sua popularidade e, mais à frente, faz os trabalhadores pagarem por todo esse prejuízo, além de, se precisar, agradar os grandes investidores, numa louca e absurda privatização da Petrobras.
Alexandre Lessa da Silva
Notas: